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Manoel Carneiro

Manoel Carneiro

(1871-1956)

Nota Biográfica

O mais antigo editor de postais da cidade de Braga foi Bernardo Carneiro, um homem que em 1865 criou na Rua do Souto a "Casa Carneiro", um estabelecimento comercial que então vendia um pouco de tudo e que na segunda metade do século XX estava essencialmente confinado à venda de louças e vidros, em geral de grande qualidade. Cessou a atividade em finais do séc. XX.

Bernardo Carneiro editou os seus primeiros postais em 1899. Após a morte de Bernardo, ocorrida nos últimos dias de Novembro de 1902, a "Casa Carneiro" voltou a fazer novas edições, em 1903 e 1905, aparecendo porém o nome de Manoel Carneiro - filho de Bernardo - como editor. Conserva-se mesmo uma folha praticamente inteira onde se podem ver todas as vistas pertencentes à primeira dessas edições, folha essa que viria a ser editada em 1977 pela ASPA com bastante sucesso, com uma tiragem de 1000 exemplares.

Não se conhecem as razões que levaram Bernardo e seu filho Manoel a enveredar pela edição de postais nem quem foi exatamente o fotógrafo. Uma tradição que recolhemos junto de um neto de Manoel, de seu nome também Manuel Luís, infelizmente já falecido, diz-nos que era Manoel quem fazia as fotografias. É bem possível que seja verdade.

Dimensão do Arquivo

1456 negativos de vidro, na sua maioria de tamanho 13x18

Breve descrição do conteúdo documental

Manoel Carneiro não se limitou à edição de postais com temas urbanos bracarenses, nem à de dois álbuns, um com vistas gerais da cidade, outro dedicado à Sé Catedral. Também estendeu o seu ramo de acção a mais três povoações, sendo uma a cidade de Guimarães e as outras, dois centros de vilegiatura, umas termas e uma praia, Póvoa de Varzim e Vizela, que eram muito frequentados por gente de Braga e de Guimarães. Ou seja: ao editar postais sobre estes dois locais, Manoel Carneiro tinha quase garantido o sucesso comercial desta sua iniciativa, porque era sabido que os veraneantes iriam comprar os seus postais para escrever aos amigos pelas mais variadas razões. Longe, muito longe, se estava do tempo do telefone (a rede telefónica de Braga começou apenas em 1906 e com muito poucos aparelhos, raríssimos eram os particulares que os tinham) ou do email! E então ainda existia o gosto de escrever de forma personalizada.

Para além destes, Manoel Carneiro editou ainda alguns postais sobre as festas do São João, a Ponte do Bico e um curioso conjunto de quatro mostrando a primeira página de outros tantos jornais bracarenses, ideia que deverá ter copiado de outros locais, pois não só se conhecem edições similares para outras cidades e de outros países como, sobretudo, porque o seu neto Manuel Luis nos mostrou alguns desses postais que deverão ter pertencido ao avô.

Mas a prática da fotografia não foi apenas aproveitada para a edição de postais. Serviu também para divulgar um dos produtos que vendia: o mobiliário". É esse, aliás, um dos temas mais frequentes nos negativos que a ASPA possui deste Arquivo.

OLIVEIRA, Eduardo Pires de, 2009, Manoel Carneiro um fotógrafo na transição do século, Braga, Museu na Imagem.

Globalmente, pode dizer-se que este espólio tem cerca de um terço das imagens com temas urbanos bracarenses, essencialmente de espaços centrais (Praça da República, largo de São Francisco, Avenida Central...), Sé (interior e tesouro) e Bom Jesus do Monte.

Há também 3 lotes assinaláveis com imagens de Guimarães, Vizela e Póvoa de Varzim, talvez por causa dos postais que a "Casa Carneiro" editou. E mais um com peças que eram vendidas na loja comercial, sobretudo mobiliário de desenho "Arte Nova". Há ainda mais algumas imagens com temas muito variados: Ponte do Bico, Rio Este, moinhos, festejos sanjoaninos, etc.

Muitas destas fotografias destinavam-se ao uso comercial, quer no formato postal e impresso em fototipia, técnica que possibilitava grandes tiragens, quer em papel fotográfico colado sobre cartão, onde inscrevia: "M. Carneiro / Phot. Amador".

 

   
     
 

Incorporação do Arquivo

Tipo:

Depósito

Data de Entrada:

1979

Propriedade:

ASPA (Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural)

Nota:

Um dia, em finais da década de 1970, chegou ao conhecimento da ASPA que na "Casa Carneiro" havia um enorme conjunto de negativos cujo tema era a cidade de Braga. A verdade é que esta informação já corria há algum tempo, tanto mais que ainda eram vulgares os dois álbuns acima referidos. Além disso, sabia-se que na década de 1960, durante uns festejos do S. João, se tinha feito uma exposição com muitas imagens antigas de Braga pertencentes à "Casa Carneiro". (…) Um primeiro contacto com o Senhor Manuel Luís mostrou logo que estava de acordo com as intenções da ASPA e que compreendia que a melhor forma de preservar o espólio que lhe fora legado pelo seu avô seria entregá-lo a uma instituição que o soubesse valorizar devidamente. E a verdade é que tudo correu com muita rapidez e passadas algumas semanas já todas as centenas de caixas onde estavam guardados os negativos de vidro tinham passado para as instalações do Museu Nogueira da Silva I Universidade do Minho (MNS/UM), então dirigido pelo arquitecto Luís Mateus, com quem a ASPA fizera um acordo para a guarda deste espólio em condições adequadas. Nascia então o Centro de Documentação Fotográfica do Museu Nogueira da Silva / Universidade do Minho que, depois, viria a recolher outros espólios'

 

OLIVEIRA, Eduardo Pires de, 2009, Manoel Carneiro um fotógrafo na transição do século, Braga, Museu na Imagem.

 

 
 

 
 

Temáticas

- Atividade agrícola;

- Igrejas / capelas / santuários (Bom Jesus, Sameiro, Santa Marta);

- Instituições: escolas/biblioteca / seminários / conventos / mosteiros / Estação

CP;

- Ruas e edifícios de: Braga / Barcelos / Guimarães / Ponte de Lima / Póvoa de

Varzim / Sintra / Cascais / Viana do Castelo / Vila de Conde / Vizela;

- Zonas rurais;

- Castelos / fortes / casas / paços / solares

- Cortejos / manifestações / bandas de música / carro dos pastores /

procissões;

- Arqueologia;

- Feiras / mercados / vendedores ambulantes;

- Bancos de rua / mictórios / coretos / iluminação de rua;

- Cerâmica;

- Cruzeiros / fontes / pontes / moinhos / quiosques;

- Doença e Morte;

- Retratos individuais e de grupo;

- Mobiliário;

- Representações teatrais / arte efémera;

- Festas / romarias / touradas;

- Rios;

- Transportes;

- Fora do País: Itália / Roma / Pizza / Tui.

 

   
   
   

 

 

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