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Fernando Pinheiro
Exposição Itinerante

De 9 de julho a 11 de setembro de 2021
Museu Nogueira da Silva (Av. Central 61, Braga)

Entrada gratuita



curadoria: Mirian Tavares


realização do filme vídeo:
Masako Hoson

 
organização: Museu Nogueira da Silva e Jardim do Chá

apoios:UA Universidade do Algarve | CIAC da UA


A arte de viajar ou a viagem como criação artística

 

Eles chegaram ao fim da linha. Nova etapa desse processo de crescente desenraizamento: primeiro se perderam ao longe, em abismos ou desertos sem fim, agora querem parar num lugar qualquer. Sair deste fluxo irresistível que tudo arrasta.

Nelson Brissac Peixoto

 
Viajar é preciso, ou impreciso, como a própria vida. Há quem saia de casa com um roteiro pronto, cada gesto pensado, cada minuto do tempo programado, sem deixar espaço para o imprevisto, ou para o verdadeiramente novo. Muitos viajam e nunca saem, verdadeiramente, de casa ou de si mesmos. E há os que viajam, como Fernando Pinheiro, apenas pelo trajeto, pelo inusitado, pelos descaminhos que podem atravessar um caminho traçado. O destino final é a própria viagem que divide com a mulher e o filho que, do banco de trás, vai escolhendo paragens – dormir, comer, visitar. Nada (pre)visto, tudo por se ver. Ao longo do caminho, criaram uma cartografia própria, composta de fragmentos – memórias de outras viagens, de outros tempos, de outros destinos. Ao longo do trajeto, captam tudo o que os olhos veem e também detalhes que ficaram por ver, e que só serão revisitados no final do percurso, numa outra viagem que se constrói a partir da primeira e que é, de facto, uma rememoração, uma maneira de deixar que o espaço vivido se entranhe de forma mais definitiva nas lembranças dos 3 viajantes que percorreram, de jipe, uma das poucas estradas que resistiu ao avanço inexorável das highways. Uma estrada que convida assim a ser vista, desfrutada, percorrida com tempo e vagar. Há em todos nós, em maior ou menor grau, uma relação telúrica com o lugar que nos dizem ser o nosso, pátria, terra, casa. Mas somos conduzidos pelo desejo a errar por outras terras, o que nos faz sentir solitários, ou como os personagens de Wim Wenders, eternos errantes. Para o artista, a viagem é um gesto de criação de uma obra estranha, indefinida, que ainda não se decidiu conformar-se em objeto, é, todavia, sujeito de uma história real e inventada, criada pelo artista que arrastou consigo parte da sua vida neste percurso.
Que é também um percurso feito pela metade. O destino final, se é que de destino e de finalidade pode-se falar neste caso, está do outro lado do mundo, o oriente que atraiu os navegantes que se aventuraram nos mares desconhecidos porque a terra que conheciam não bastava. Era preciso mais, era preciso manter-se em movimento constante para que os outros, depois deles, vissem mais e melhor. Conhecessem mais e melhor. Porque é de conhecimento que se trata a criação artística: movido pela curiosidade, o artista avança em direção ao desconhecido. E o seu gesto criador é isso mesmo, um gesto, um movimento em direção à. E neste gesto, povoado de imagens que captou, o artista reconstitui seu percurso ao criar uma obra que permite aos outros, os que não estiveram com ele e a sua família nesta viagem, a viajarem também, a partilharem memórias e criarem novas viagens para fora de si mesmos.
 
Mirian Tavares
Curadora

   

Biografia (resumida)
1947 Nasce em Lisboa 1969 “Curiosidades d’África 69-71”, “história de helicópteros”, “1.a Visão das Ruínas visão alucinante de uma ditadura” 1971 Chega a Lisboa e parte para Paris do pós 68, Licenciatura Artes Plásticas Universidade de Vincennes, Deleuze, Marie-José Mondzain, Joel Kermarrec, Marcuse, Pasolini 1974 Utiliza na pintura “forma-flor” imagem oferecida por Jean Canessa, permite formular novo espaço pictural; Bolsa Fundação Gulbenkian 74-77, diálogo, René Bertholo, Joel Kermarrec, José-Augusto França; participa exposição Galeria l’Oeil de Boeuf Paris; viagens, Lisboa acompanhar a Revolução, Londres ver os jardins, (1+1=) 1976 “pequenos espectáculos”, equacionar o espaço pintura espectador; “Exposição-Pintura Colagem 6 Melões”, Encontros Int. Arte Póvoa Varzim”; “5ème Foire Estampe Multiple”, Villeparisis (Paris); participa Exposição SNBA Lisboa 1977 Repetição “forma-flor” no espaço pictural permite encontrar um ritmo; “Exposição-Espectáculo 20 minutos”, Curador Egídio Álvaro S. N. B. A Lisboa; “Exposição Rápida”, “Espectáculo de Luzes” Encontros Int. Arte Caldas da Rainha; participa exposições Tours, Paris, Brétigny 1978 Recorta “forma-flor” na pintura transformando em “Bocado de Pintura”, nova relação no espaço da exposição; “Un Plasticien dans chaque quartier”, Montreuil (Paris); “Outras Formas, Outra Comunicação”, S. N. B. A., Lisboa; “Exposição-Situações-Climas-Imagens”, Bienal Vila Nova de Cerveira; participa exposições Toulon e Draguignan 1979 “forma-flor” aumenta dimensão e adquire nova identidade; “Peintures – Morceaux de Peinture”, Fundação Gulbenkian, Paris; participa Exposições Paris, Reims 1980 “Pinturas – Bocados de Pintura” ou as “Pegadas do Ganso”, Galeria Arte Moderna S.N.B.A. Lisboa; “Intervention Mural Respiration Maison”, “Peinture Décor – Théâtre” Montreuil (Paris) 1981 Viagem Grécia, encontrar o equivalente das “Ruínas”, Ilha de Delos, quarto de Cleópatra, a “forma-flor” 1982 Com o engenheiro Bernard Kling cria movimento na “forma-flor”; "Peintures – Le Canard se Promène", Film Super 8 “M. Bye Bye Mon Amour”, Centre Culturel Brétigny (Paris) 1983 Olhos na “forma-flor”, “Pinturas-Ida e Volta” Galeria Arte Moderna S.N.B.A. Lisboa; Genebra, ver a Cidade, Maîtrise d'Arts Plastiques 1984 Anjos na “forma-flor”, desenha atelier Paris, "Oh meu amor enquanto toca na rádio” Bienal Vila Nova Cerveira 1985 “Anjos abrem asas”; Grupo Punk "Décor Peinture pour un Group Rock” Centre Culturel Brétigny (Paris); a viver no Algarve, “Instalação-Ruínas Luz” Teatro Lethes Faro 1986 Chegada Ulisses Ilha de Faro, Galeria do Cineclube 1988 “espace-Espace” Cnes Toulouse; Exposições Casa Museu Álvaro de Campos Tavira, Institut Franco-Portuguais Lisboa, Museu Arqueológico Faro 1989 Galeria Algarve, “Pinturas”, no exterior, paragem autocarro, direções Albufeira-Acapulco 1991 “Allusion à la Guerre du Golfe-Intervention”, tensão relação prazo para início da guerra, Belas Artes Toulouse, onde passa a viver 1992 “A propos d'espace-Espace”, Intervention-Artiste Invité, FRAC-Rectorat Toulouse 1993 “Peinture 6X12m”, filme, Parc de la Courneuve S. Denis (Paris); “Laboratoire dans un appartement”, “Une Question de Regard”, Seuil de Naurouze Toulouse; a viver no Algarve 1996 “Encuentros de Artistas Europeos Artecampos”, com os habitantes Galleguillos (Léon), Intervenção Mural, “Un Mickey tuerto y sordo”, Exposição, “Las seis visiones”; participa exposições Medina de Rioseco-Valladolid, MEIAC Badajoz; viagem Guiana Francesa, conhece personagem, “Otto” 1997 Exposição Galeria Convento E. S. Loulé; com os artistas , Orlac, Maisongrande, Garcia, Griñolo, “Quente”, Centro Cultural Lagos; viaja, Itália, Eslovénia, na Croácia Dimitry Orlac mostra os vestígios da guerra 1998 Participa “Livro de Artista” Galeria Trem-Arco Faro, Galeria SNBA Lisboa 1999 “Conversas de inverno”, Costa Pinheiro e Manuel Baptista, “Pintura – Porquê os Políticos e os Desportistas e não os Artistas” Galeria Trem-Arco Faro; trabalha com Galeria Kunst Beterschap Amesterdão, Hans Eksteen 2000 Parte do trabalho desaparece num incêndio em Paris, surgindo assim um espaço-tempo fantasma 2001 “Paintings-magic, sensitive and intelligent surface” Gallery Kunst Beterschap Amsterdam; “Pintura com Legendas” Galeria Restauração Olhão; Holland Art Fair Den Haag 2002 “O Atelier do Pintor” filme vídeo, Álvaro Queiroz, arquivos Cinemateca; Holland Art Fair Den Haag 2003 viagens Suiça e Alemanha; Holland Art Fair Den Haag 2004 Construir um espaço diferente confrontando pintura de 200x212cm e uma banheira, “Pinturas-Branca de Neve”, músicos Tó Viegas e Viviane, Galeria Restauração Olhão; Holland Art Fair Den Haag 2005 A partir de projeto de 77, no livro de Gonçalo Couceiro, Artes e Revolução 74-79, e querendo “destruir o espaço da galeria”, parte da memória e do conflito na superfície da pintura, “O Atelier”, Galeria Artadentro Faro, músicos Tó Viegas e Viviane; participa “Les Cages d’Oiseaux”, Brussels; começa a trabalhar com Masako, uma ponte Sul de Portugal-Japão e a “ponte da ponte” entre capitais; filme vídeo, “Masako’s ham”, viagem a Tóquio, registo através fotografias, desenhos, vídeos 2006 Com David Clark funda “ii-art-production”, “Blue House”; preparação exposição 2007, reconstrução do “espaço da galeria”, “fazer passar de Sul para Este uma Pintura de 200x212cm através de uma ponte”; nascimento do Yuki 2007 “Uma Pintura 200x212cm; Sul-Este, Norte-Oeste”, Palácio da Galeria, Tavira; viagem Paris, Tóquio, desenhos, fotografias, filmes 2008 Pintura para livro de Rogério Silva; a partir material colhido nas viagens, pinturas 2,10x10m, preto e branco com algumas zonas coloridas 2009 Viagem Londres, Tóquio, conhece Nagasi Oshima, sonha misturar “Império dos Sentidos” e “Belarmino” de Fernando Lopes; “Arte Postal” Museu da Comunicação Lisboa, curador Carlos Barroco; colaboração com Galeria ATT; com Gonçalo Couceiro, IGESPAR, inicia projeto 2010 “Espetáculo Uma Ópera Grelhada”, músico Zé Eduardo e grupo 2011 “Através da janela vejo um Monumento”, D. R. Cultura Sul; “Espectáculo Uma Ópera Grelhada”, Túmulo Megalítico de Santa Rita VRSA 2012 “Fernando Pinheiro A Preto E Branco, curador Nuno Faria, texto Gonçalo Couceiro, filme vídeo Masako Hosono, Galeria Exposições Temporárias Mosteiro de Alcobaça 2013 “Fernando Pinheiro lá in Loulé-al-‘ulyà”, curador Nuno Faria, filme vídeo Masako Hosono, Convento Santo António Loulé; viagem Paris-Tóquio , Filme Dubai Aeroporto; “The Road to Freedom” com arquiteto Maciej Jacaszek, Gdansk 2014 Catálogo 2013, Café Calcinha, António Aleixo, músicos Paula Rocha, Carlos Guadalupe, filme “lula jangada” Masako Hosono 2015 Residência Artística, CECAL, “Quando uma cidade se põe a pensar – Ser solidário é? – Ser solidário é o quê? – Solitário? – A pintura como um erro”, curadora Mirian Tavares, filme vídeo Masako Hosono 2016 “A Fábrica e” Editora Sul Sol Sal Olhão 2017 “A Fábrica ah”; viagem Sevilha-Madrid pela NIV 2018 Preparação Livro d’Oiro e filme vídeo “a noite é mais clara que o dia”; Verão Azul, Shock Lab, Casa Branca, Loulé 2019 Livro d’Oiro e filme 2020 Num cenário de pandemia encontrar a medida justa, uma Exposição Itinerante, um filme vídeo, um Livro, e passando por vários lugares, até à Estrada do Tokaido.


   
   
   
   

Museu e Jardim
Terça a Sexta: 10:00 - 12:00 – 14:00 - 17:00
Sábado: 14:00 – 17:00

Galerias e Cafetaria
Terça a Sexta: 10:00 - 12:30 – 14:00 - 18:30
Sábado: 14:00 – 18:30

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